Desesperança

Não faço poesias, desconstruo os fatos

Debatendo-me em conflito falaz

Falo de amor em versos livres

Não, não falo das mãos enamoradas

Nem do beijo sôfrego

Em devaneio, anseio a paz

A justiça que não tarda nem cega,

O amor que nasce da fraternidade

Paralisado, percebo a tragédia social

Sinto a brisa tocando o corpo imóvel

Ouço ruídos de vozes tristes

As lamentações em carpidação geral

A arma precisa na mão do algoz

Ferindo de morte a frágil nação

Vejo flores e cruzes nos campos de pedra

Vejo hipócritas palacianos de caneta em punho

Vejo letras e cifras manchadas de sangue

A carne podre em vida,

com fragrância de perfume francês...

Mandatários do país.