NENHUM PRESENTE NA POESIA

NENHUM PRESENTE NA POESIA

Marília L. Paixão

Descansam as rimas dos seios passados

Descansam os meus e os seus braços

E parece fazer pouco tempo que tudo acabou

Descansam os seus e os meus agrados

Descansam-se sonhos mal acordados

Quem foi que chorou?

Quem foi que sorriu por último, meu amor?

Havia descansado a folha na qual me deitava

Havia retirado o cinto do sinto ou não sinto

Em uma ou outra lembrança, eram tantas

Até que tudo evaporou

Não sorriria uma poesia sem festa

Sem balões de ilusões, sem diagnóstico de amor

Não explodiria um poema não declamado

Queimados estariam todos os retratos que sobraram

Não se celebra falta de amor

Não se inaugura loja de dores

Não se convida bons momentos de velhos amores

Para enfeitar nenhum dia da poesia de uma vida em chamas

Olha um resto de olho indo parar debaixo dos seus pés

Acha bonito? Lágrimas derramam facilmente

Tem jeito de pegar e enrolar para presente

Tudo que a gente não mais sente?

Marília L Paixão
Enviado por Marília L Paixão em 14/03/2008
Reeditado em 14/03/2008
Código do texto: T900686
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