NENHUM PRESENTE NA POESIA
NENHUM PRESENTE NA POESIA
Marília L. Paixão
Descansam as rimas dos seios passados
Descansam os meus e os seus braços
E parece fazer pouco tempo que tudo acabou
Descansam os seus e os meus agrados
Descansam-se sonhos mal acordados
Quem foi que chorou?
Quem foi que sorriu por último, meu amor?
Havia descansado a folha na qual me deitava
Havia retirado o cinto do sinto ou não sinto
Em uma ou outra lembrança, eram tantas
Até que tudo evaporou
Não sorriria uma poesia sem festa
Sem balões de ilusões, sem diagnóstico de amor
Não explodiria um poema não declamado
Queimados estariam todos os retratos que sobraram
Não se celebra falta de amor
Não se inaugura loja de dores
Não se convida bons momentos de velhos amores
Para enfeitar nenhum dia da poesia de uma vida em chamas
Olha um resto de olho indo parar debaixo dos seus pés
Acha bonito? Lágrimas derramam facilmente
Tem jeito de pegar e enrolar para presente
Tudo que a gente não mais sente?