O exilado de Capela
Sou a sombra de um passado que nunca existiu
Sou o maldito, o amaldiçoado
Pervertido, desgraçado, miserável
Sou sangue negro, poluído, sou o morto que não foi enterrado
O exilado de Capela
A criatura imprestável, a cidade em ruínas
A sou a criança que é devorada pelos lobos de Deus
Não sei...
Realmente digo que não sei o que faço aqui
Não há lugar, nem qualquer realidade
A não ser a infeliz e cruel verdade que recai sobre minha existência
Sou um grito desesperado de dor que ninguém ouve
Eu sangro... Interminavelmente
E cada dia que passa é um século no inferno
Sou o maldito, o amaldiçoado
O desafortunado condenado
Um prisioneiro da milha verde aguardando somente seu último dia com anseio
Desejando sua alforria em seu último suspiro
Liberdade...
Para enfim, retornar para casa...
Ou vagar para a eternidade do nada
Não sei...
Mas não importa o que vem depois da carne
O que interessa é chegar ao fim dessa penosa estrada
Chega de gritos desesperados de dor silenciosa
Chega de tudo
Sou a sombra de um passado que nunca existiu
Sou apenas... Vazio.