Estranheza
Hoje eu fui te procurar,
queria falar contigo.
Poxa, eu tinha saudades, e queria te ver.
Mas pai, eu voltei "cabreiro".
Te achei na rua, falamos pouco,
e quase não nos olhamos,
foram poucas palavras, não é pai?
Parece que algo nos afasta,
como um abismo entre nós;
E esse encontro casual
nos afastou um pouco mais;
Encontraram-se dois estranhos,
pai e filho não se conheciam.
Eu olhava para tí
tentando ver em tí alguma coisa,
que me desse alguma luz.
Mas não, não ví nada em ti,
e a luz não apareceu.
Eu me ví alí,
parado na rua, conversando com um estranho.
Sabe? Deu vontade de chorar
de gritar e fugir dalí,
fugir daquele momento
que machucava demais;
E meus olhos não acreditavam.
Eles viam a imagem que eu não queria ver,
não queria ver a verdade,
a única verdade entre nós:
Já não havia mais nada
que nos ligasse um ao outro,
que me indicasse tua presença,
a figura de meu pai, que procuro faz tempo.
Coisa engraçada, velho,
quando te achei, te perdi um pouco mais.
E de tanto a gente se perder,
um dia não se acha mais
e esquece um do outro.