Não vejo nada além do que a história já mim contou!

Becos e favelas, é assim que vejo minha alma

Num copo de cachaça, uma fumaça

Um trem que passa, no fim da rua

Minhas promessas, não são as tuas

E vão me levando, qual o boneco

Seguindo o ritmo do principio do mundo

O cinto que aperta, o filho com fome

A carga da vida que aperta o ombro

Selvagens brindam o sangue de alguém

Inútil suplica aos que ainda tem fé

A primeira a morrer teria que ser

A tal esperança, sem ela,

Os homens que cansam iriam pra luta,

Por não ter por quem esperar.

Morreriam lutando e não sonhando

Naquele que não vem.

Vejo o que passa no sorriso sofrido

Inalo a dor na noite sombria

Quando Zé e Maria ainda dormiam

Na calçada fria de todos os dias.

Sou surdo e sego, mas, ainda posso falar.

Genival Silva
Enviado por Genival Silva em 06/03/2008
Reeditado em 26/01/2011
Código do texto: T889514
Classificação de conteúdo: seguro