Não vejo nada além do que a história já mim contou!
Becos e favelas, é assim que vejo minha alma
Num copo de cachaça, uma fumaça
Um trem que passa, no fim da rua
Minhas promessas, não são as tuas
E vão me levando, qual o boneco
Seguindo o ritmo do principio do mundo
O cinto que aperta, o filho com fome
A carga da vida que aperta o ombro
Selvagens brindam o sangue de alguém
Inútil suplica aos que ainda tem fé
A primeira a morrer teria que ser
A tal esperança, sem ela,
Os homens que cansam iriam pra luta,
Por não ter por quem esperar.
Morreriam lutando e não sonhando
Naquele que não vem.
Vejo o que passa no sorriso sofrido
Inalo a dor na noite sombria
Quando Zé e Maria ainda dormiam
Na calçada fria de todos os dias.
Sou surdo e sego, mas, ainda posso falar.