Ùltima Tarde

A tarde foge de dentro de mim baldia

e sofro-a se esvaindo lentamente;

deverá ser hoje como a cada dia,

um derradeiro fruto sem semente?

Vai afundando o céu e tarde cai tardia

no crepúsculo que envelhece livremente .

Tarde, que te vais carregada, plúmbea, maciça,

o lenço frio da vida irremediavelmente acena

meus morreres anônimos, minha agonia plena,

e fecho minhas portas com traves de cortiça.

Desliza no silêncio de aquém e de jamais,

bafeja com teu sopro e enfuna as tristes velas

da craquenta nau de treva que me leva ao cais

do silêncio escarpado da minha última procela.

Chaplin
Enviado por Chaplin em 06/03/2008
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