Ùltima Tarde
A tarde foge de dentro de mim baldia
e sofro-a se esvaindo lentamente;
deverá ser hoje como a cada dia,
um derradeiro fruto sem semente?
Vai afundando o céu e tarde cai tardia
no crepúsculo que envelhece livremente .
Tarde, que te vais carregada, plúmbea, maciça,
o lenço frio da vida irremediavelmente acena
meus morreres anônimos, minha agonia plena,
e fecho minhas portas com traves de cortiça.
Desliza no silêncio de aquém e de jamais,
bafeja com teu sopro e enfuna as tristes velas
da craquenta nau de treva que me leva ao cais
do silêncio escarpado da minha última procela.