Sei que acordarei um dia fora do meu corpo

Sei que acordarei um dia fora do meu corpo,

pássaro azul planando sobre as colinas,

nuvem de gaze brilhando muito acima das marés,

quem sabe... um papagaio multicolor.

Sei que adormecerei um dia num corpo sem alma,

amontoado fardo de carne e de ossos,

olhos cerrados, rosto de pedra,

quem sabe... uma pilha de cinzas

ou busto, pesado, de bronze.

Mas para quê permanecer no corpo?

Que importa a carne se é a alma que vive?

Que me guardem bem os restos cá na terra,

que o amem, que o queimem, que o enterrem...

Espero que um dia voe lá no céu p'ra todo o sempre,

este meu desencantado e livre, breve espírito de poeta !

Clotilde S
Enviado por Clotilde S em 02/03/2008
Código do texto: T884291
Copyright © 2008. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.