Onde Está Minha Esperança? [Parte II]

Em um pesadelo contínuo vivo,

Sei que poucos anos reservam-me...

Gritos terríveis nos meus ouvidos

Ressoam, corpos caem sobre mim...

Não tenho esperança mais na luz...

'Stou destinada ao fio da espada

E jogada em pasto de urubus...

Minha queda é eminente...

O dia tenebroso está perto:

Sou consumida pela angústia...

E mesmo em um campo aberto,

Demônios da mente cercam-me...

- Não podereis enriquecer-vos,

Vossa fortuna não resistirá!

Disto, não podereis esquecer-vos

E d'outras cousas que vos direi!

- Não podereis levar ao túmulo

Vossos bens que são materiais...

Mesmo no mais puro obscuro

Não fugireis da luz ou treva!

- Vossos brotos, o lume cremará!

Vossas folhas fanarão antes!

Vossas flores, o vento tirará!

Vossos galhos não vicejarão mais!

Não concebi a perversidade,

Mas gerei no ventre a desilusão -

Minha perdida ingenuidade...! -

Parirei sem querer a desgraça...!

(Feita na tarde de 13 de novembro de 2005, na CaosCidade Maravilhosa.)