Onde Está Minha Esperança? [Parte I]
[Parte I]
Agulha e linha, pano costuro,
Faço de minha pele tecido,
Afim de encobrir meu escuro.
Entranho minha face no chão...
Meu rosto tornou-se escarlate
Por tantas lágrimas derramadas,
Posto que não há hostilidade.
Sombras cercam minhas pálpebras...
Esta é minha súplica leal:
- Pó, encubra meu frígido sangue!
Asfixie meu clamor de sal!
Seque as queixas de meus olhos...!
Espero a jornada sem volta
E o número limitado de anos...
Vosso vezo causa-me revolta
De um não-sei-o-que, não sentir, sei lá...
- Pó, dilacera minha carne
Pecaminosa, já putrefata...!
Range os dentes contra mim, arme
E crava-me teu feroz olhar...
(Feito na madrugada de 7 de novembro de 2005, na CaosCidade Maravilhosa.)