dia a dia
tímidas batidas na porta da sala
pareciam ruídos
era a lua, preocupada com a possível
presença do sol ainda em casa
o sol que havia saído
todo alegre e saltitante
para celebrar o dia
que se iniciava
a lua ficaria por ali
sentada no sofá
costurando algumas meias
fazendo uma coisa e outra
até o sol regressar
e curtindo as amarguras do mundo
contidas dentro da vaso grande sobre a mesa
como nos tempos antigos
aí, perguntou a si mesma
pelas amarguras do poeta
resultantes de a amada
ter prometido que vinha e não veio
o que ele, é claro, achou feio
mas ela achou engraçado
que ele as mantivesse
dentro do seu sapato
sob o amargor da pressão
que ele tivesse nos pés
porém, não era bem isso
era pra mantê-las com ele
pra que não tivessem o fim trágico
daquelas ali sobre a mesa
que certamente seriam
lembranças de mais ninguém...
Rio, 06/12/2006