"A Bela da Tarde" ou "Janela Indiscreta" =Humor com desilusão=

Eu vinha andando tranqüilo pela avenida

Quando vi a janela enorme escancarada

Parei. Em uma escadinha dei uma subida

Lá dentro do casarão vi a mulher pelada

Ajustei meu olhar para enxergar melhor

Dos olhos regulei a potência de cada um

Ver mal vista uma mulher? Nada há pior

E eu não queria perder detalhe nenhum

Ela estava de costas e possuía cabeleira

Cujos madeixas lhe chegavam à cintura

“Epa! Tem jeito de ser potranca maneira

Do tipo a se dizer: que deliciosa criatura!”

Traseiro grande, mas nada de fenomenal

Cintura fina, coxas grossas, e boa altura

Daquela visão, podia-se dizer: é...nada mal...

Pele morena, sem pneuzinho, boa ossatura

O coração se acelera e o desejo logo arde

“Se ela me enxergar, e de lá acaso chamar

Invadirei o casarão daquela Bela da Tarde”

Mas só se ela comigo não vier a se assustar

Parecendo ouvir meus pensamentos, se virou

Ficou de frente para a janela, bem exibida

De tanto susto o meu coração quase parou

Era a mulher mais feia que já vi na vida

Fingi que nos bolsos alguma coisa procurava

Desviei meu olhar daquela janela malfadada

Fiquei em dúvida se na delegacia reclamava

Do atentado ao pudor daquela despudorada

Agora eu ando muito prevenido, até armado

Caso a veja de novo, é certo que não a xingue

Mas traseiro dela ficará muito bem marcado

Eu acerto qualquer bunda com um estilingue

Para morar em tão belo e imponente casarão

Dando-se ao luxo de exibir-se nua na janela

É claro que tem que respeitar uma condição:

Antes de mais nada o importante é ser bela

Fernando Brandi
Enviado por Fernando Brandi em 25/02/2008
Código do texto: T875340
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