"A Bela da Tarde" ou "Janela Indiscreta" =Humor com desilusão=
Eu vinha andando tranqüilo pela avenida
Quando vi a janela enorme escancarada
Parei. Em uma escadinha dei uma subida
Lá dentro do casarão vi a mulher pelada
Ajustei meu olhar para enxergar melhor
Dos olhos regulei a potência de cada um
Ver mal vista uma mulher? Nada há pior
E eu não queria perder detalhe nenhum
Ela estava de costas e possuía cabeleira
Cujos madeixas lhe chegavam à cintura
“Epa! Tem jeito de ser potranca maneira
Do tipo a se dizer: que deliciosa criatura!”
Traseiro grande, mas nada de fenomenal
Cintura fina, coxas grossas, e boa altura
Daquela visão, podia-se dizer: é...nada mal...
Pele morena, sem pneuzinho, boa ossatura
O coração se acelera e o desejo logo arde
“Se ela me enxergar, e de lá acaso chamar
Invadirei o casarão daquela Bela da Tarde”
Mas só se ela comigo não vier a se assustar
Parecendo ouvir meus pensamentos, se virou
Ficou de frente para a janela, bem exibida
De tanto susto o meu coração quase parou
Era a mulher mais feia que já vi na vida
Fingi que nos bolsos alguma coisa procurava
Desviei meu olhar daquela janela malfadada
Fiquei em dúvida se na delegacia reclamava
Do atentado ao pudor daquela despudorada
Agora eu ando muito prevenido, até armado
Caso a veja de novo, é certo que não a xingue
Mas traseiro dela ficará muito bem marcado
Eu acerto qualquer bunda com um estilingue
Para morar em tão belo e imponente casarão
Dando-se ao luxo de exibir-se nua na janela
É claro que tem que respeitar uma condição:
Antes de mais nada o importante é ser bela