PORVIR
Droga é a vida abordada
E ser um resposta incompreendida
Mas sobreviver é o que interessa
Sem saber a que distância ela nos levará
As coisas serão ditas
E repetidas daqui a cem anos
Ficaremos grávidos de um bicho estranho
Que crescerá no lixo da cidade
O sono será sono
Subtraído da esperança desencontrada do futuro
Que se exauriu nos rabiscos dos muroa
Então nos lembraremos dos caminhos percorridos
Pelo menino que éramos
Sem saber de fronteiras, solidão, profecias
Digitadas na emperrada máquina do tempo
Já não pediremos um sonho nem uma certeza
Apenas queremos a rala luz
Que sai da fresta alheia
Vãs todas as certezas encravadas no coração do homem
Perdido nos atalhos para a manhã
Que entardeceu nos grandes espaços vazios
Da solidão e do esquecimento
A redenção que um dia foi capaz de arranhar nossos corações
Hoje é só abstração
Sobreviver é o que interessa
E seguir adiante sem saber de respostas
Nem de esperanças.