Intacto
Deus , me explique o motivo da minha entrega
Ao inferno de amar.
Por ter encarnado tanta fraqueza
E por saber que só de pensar naquele rosto pálido
Meu peito sem cessar lampeja.
Contradizendo qualquer imputação
Minhas pálpebras já secas de tentar auferir da beleza dela
Que me rodeia como um demônio louco querendo sair de uma cela
a suplicar o fim de tanto pavor e esperança .
e não me adianta armaduras, pois bem sei que não tem cura
e sem ela eu sou só vertigem .
a pele dela na minha foi trocado por um fúnebre escárnio
Incapaz de me demonstrar a paz..
Incapaz de me querer mais
Incapaz de enxergar o meu mais puro e ridículo sentimento..
Bela, bela...perfeição imperfeita dos deuses noturnos
Não ouves meu clamor,
Não notas minha dor
Ainda choras por um outro amor
Que não te enlaçaria nos braços como um filho pós-parto (assim me faria presente)
Tudo teu é fornalha que me deixa em carne viva
E eu sou o verme transitando no canto de uma sala fria
Respirando um sândalo de desprezo..
Me sinto adoecido por comprimir inutilmente estes sentimentos
E minha sede em tê-la me torna inapto
a qualquer desejo concedido por meu corpo
que pelo seu toque permanece morto e intacto .
Vladimir Jacob (meu heteronimo)