Rapsódia de carnaval
Rapsódia de carnaval
Seu corpo, cama de desejos
Mora o silêncio que guardo também em mim
Mas ainda como névoa em dia de vento
Soa nele todas as canções de amor que já ouvi
Nele também existe toda a banalidade
A mais banal de todas as banalidades
Todo o comum e todo óbvio que alguém pouco óbvio deseja
No seu corpo habita o final de toda busca
Que talvez seja apenas um dia de descanso
ou uma canção de amor ou encontrar mesmo um amor
Nele mora meu primeiro poema, o mundo como lugar da infância, a noite de formatura, o primeiro beijo.
Nele mora a filósofia e o banquete extravagante
Nele mora o bêbado que se perdeu
O louco que só é louco porque é diferente
E a parte de mim que adolesceu tarde
Seu corpo não é você
Sou eu e tantos outros que também não o é
Seu corpo não é você
É Algo que se busca
É um clichê, é uma imagem, é algo que está em mim [Que também estão neles]
Que não existe de verdade
Nele mora o espaço, o vento, a chuva, a semente, o fruto , a flor , a vida
que de tão banal não é flor nem amor
È erva-daninha
É besouro fora de época
É chuva no casamento
É o pernilongo na noite de calor
É o acidente inesperado
É o desencontro [ e quantos o fora!!!]
Não porque seja
Mas porque foi [ e o foi no tempo]
pois o tempo não entende de intersecção
o tempo não duplica
ele é reto como flecha
O tempo não bifurca e não se dobra
Burro tempo que nos faz burros e nos tira o direito de ser mais de um
Mas a poesia não liga pra isso, pois a poesia sabe trapacear
sabe enganar não o outro mas a si mesmo
Pois só assim ela existe
Suspensa no faz de conta....
Como toda forma de arte,
Seu corpo não salva
Ele burla
Porque tem em abundancia o que ainda não tenho
Nele exitem Evas, maçãs e tantas outras pistas de paraíso
Seu corpo é um sonho
Como toda ilusão tem nela sua verdade.
Estou morando nessa ilusão
Nesse fraseado mal construído em mim