Quando

Quando abro a janela e deixo o vento entrar

Permito que o dia se incline em direção ao meu bem estar

Trazendo forças para seguir e levando fraquezas para não voltar

Mas, de forma aparente, nada fazendo para melhorar

No leva e traz, no vem e vai

No pega e larga, no entra e sai

Ajo como se nada interagisse ao meu redor

Ilustrando o mundo apenas, enquanto aguardo acontecer

E nisso, incertezas, um grande merecer

Uma peça, um grão

Uma gota, um peão

Sou tudo que não percebo, por preferir não me envolver

Escolho pelo óbvio e tento esquecer

Estou no jogo, blefando o tempo inteiro

Parado, estável, incapaz ou indiferente?

Tantas formas de se pensar em não agir

Um figurante

Interferências ocorrem por mãos alheias, não pelas minhas

Tornando e revirando o todo, e eu sem saída

Atos e fatos

Heróis e vilões

De certa forma o mundo segue

E eu sem destino

Opções, escolhas, apostas?

Nada disso

Simplesmente dou as costas

Ato falho ou erro crônico?

Dizem haver solução

Eu ignoro

Quando irei perceber?

Ou então

Quando irei preceder?

Pra tudo não distorcer

Senão

Quando irei perecer?

Quando?

Não tenho certezas absolutas, somente dúvidas concretas

E a única conclusão que realmente me tormenta é saber

Ou pior, querer não saber...

Que existi.

Flavio Marcondes
Enviado por Flavio Marcondes em 18/02/2008
Reeditado em 28/01/2023
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