CORREDORES DE SANGUE

Corredores de sangue

trilhos do abandono

e da viagem da morte...

Choro e a não conformação...

Crianças famintas

jovens trêfegos

velhos trôpegos

nos guetos

sem hojes e sem amanhãs

e as pálidas mulheres

esquálidas

...suplícios

ante as heróicas forças

que nos revés

da resistência

são presas

amortalhadas

nas sinas selvagens

das estúpidas

guerras...

Oh Paz

que não vem...

nas fronteiras de cada rosto

a indignação

Marcas ...manchas ...medos

flagelos...

O passado que não volta

nos campos

que já não floridos

estão repletos de terror

Onde as camélias?

Ah meus crisântemos

Quantos féretros

e sepulcros!...

E quando a noite chega

a sirene toca novamente

candeeiro na mão

que o sol poente trouxe

os turnos da escuridão...

A lua - assistida pelos montes

e as árvores da solidão

pressagiam num silêncio mouro

Nos poços secos

d’águas

as lágrimas das

nações

invadidas

pelos flancos...

Candeia do coração

longe dos caminhos

que matam a sede

a fome

a revolta

a perseguição...

Fogueiras esquentam

as famílias

Vasilha de barro ao fogo

nos olhos a chama

nos ares o carvão...

E mesmo que o dia

renasça

ardem as fumaças

onde se queimam esperanças

Oh pântanos e lagos...

rios quase secos dos orvalhos

já cansados nas terras da exaustão...

No contínuo vagar ao léu

nuvens cinzentas desenham

a silhueta do povo

Os pássaros não cantam

Ouvem-se torturas

gritos

gemidos

desesperos

vagidos

no seviciar das horas

cruentas

Não há canções...

Há dor ... muita dor

Sangram da mente

do peito

das mãos

do seio

dos pés

da boca

que sem a saliva

fana os lábios

e os beijos ardentes...

Raios...

Troam

São bombas

Infernais

Dragões apocalípticos

de João

Oh aviões!

Enquanto o corpo se arrasta

na lama

na inundação

na destruição

da vida

do sonho

do riso

para a sobrevida

da embarcação dos sistemas

Ah templos

Ah bosques

Ah rumos

Indefinidos chãos

cheios de paralelepípedos

da escravidão

Ah santos

Ah flores

Ah guias

Enquanto houver a mentira

enquanto houver a guerra

enquanto houver a ira

enquanto houver o homem

sem amor

sem paz

sem perdão

Haverá sempre noites tenebrosas...

Corredores de sangue e morte...

Secessão!

Do outro lado ...no norte

do mar

do forte

há férteis plantações

surgem as espigas

brilham os trigais

brotam os feijões

sulcam a terra

vinga o pomar

Do outro lado das cordilheiras

o que parece escassez

é sobremaneira

provisão

de pão

Abundância de alegria

sorrisos de meninas

e dos irmãos

E se chove

é dádiva divina

Todos dançam

cantam

rezam

e agradecem as águas da vida

Oh dor

de minh’alma

que

à beira do lago

na tarde que s’esvai

me

carcome

em sedição...

Sente a lua

inteira

refletida

em pranto

no regaço das águas

que vem das mágoas

das árvores onde

orvalho chorou

chorou

e chorou...

É prece ou súplica

Enlevo?

Oh dor...

Que ninguém te

olhe

nem te escute

Só Deus

só Deus

só...

Gigio Jr (Canções – 2008)

GigioJr
Enviado por GigioJr em 06/02/2008
Reeditado em 08/07/2008
Código do texto: T848703
Classificação de conteúdo: seguro
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