FEITICEIRA
FEITICEIRA
Jorge Linhaça
Quem és tu, ó feiticeira de minh'alma?
Espírito a me assombrar a vida;
Sombra d'uma paixão no temp'esquecida,
nas asas do tempo a açoitar-me a alma.
És o vento que sopra entre as frestras
do castelo dos sonhos adormecidos.
És som das flautas doces em meus ouvidos,
a relembrar-me das medievais festas.
Miragem nas nuvens, a cobrir o meu sol,
é gavota, rondó, és um minueto,
a bailar nos salões deste meu arrebol.
És saudade de um amor imperfeito,
que parecia da prata pura a escol,
e hoje é bruma de amor desfeito.