TRISTEZA E REVOLTA

–Tens-me amor? – Eu perguntei. Disseste:

–Amo-te tanto! És a minha vida!...

Então eu te pergunto agora:

– Por que te foste?

Eu não creio em Amor sem sacrifício,

Sem opção ou doação. Então,

Então eu te pergunto agora:

– Por que partiste?

– Eu te amo demais! – Tu me dizias

Mas tu tens medo de correr o risco.

Preferes a tua segurança.

– Mereço isto?...

Preferes a tranqüila segurança

Embora vivendo de aparências

A viver intensamente o Amor...

– Tens medo disto?

É bom pesar, a balança é vida,

Para que lado o teu sonho pende...

Será que “ter tudo” é possível?

– Que “esse” amor existe?

Se de “aparências” queres tu viver

E pensas sempre que eu devo me esconder

Eu te pergunto:

– Como se chama “isto”?

Eu não tenho sentimentos, eu não choro?

Estou ao teu lado: morrerei sozinha?

“És forte!” – Meu castigo! - E eu te pergunto:

– Que culpa tenho disto?

Estava eu quieta no meu mundo triste

E te escondia este amor imenso

Vieste onde eu estava e insististe.

– Tenho culpa disto?

Agora a amargura me consome:

A saudade, a dor, a humilhação.

E tu achas que tudo isto é justo?

– Não tenho culpa, não!

Não se brinca com os sentimentos

Nem se tripudia sobre o amor...

Eu represento aborrecimentos?

– Então te vai, junto com o teu “amor!”

Brincadeiras de mau gosto fez-me a vida!

Cansei de doar-me a quem não merece!

Talvez eu sofra bem mais do que tu penses!

– Acreditas que amor fenece?

Não aguar a planta, negar-lhe alimento,

Ocultá-la sempre. Que fique sem a luz!

Pensas que assim é bom viver, isento

De tudo o que seduz?

Será que eu nasci para viver nas sombras

Como a mandrágora a viver nos charcos?

Tens tanto medo! Então te pergunto:

O que vale mais: o teu amor ou medo?

Faz a tua escolha. É a oportunidade

Que tens de ser feliz. Toma cuidado

É uma chance em mil! E eu te pergunto:

– Vais desperdiçá-la, assim?...

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31 jan 2008

ESPERANÇA
Enviado por ESPERANÇA em 01/02/2008
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