Antes do sarau poético
Antes do sarau invento mil coisas:
Afazeres lúdicos recheados de desculpas públicas,
Dores inexistentes latejando em meu ser,
Falência inorgânico-comportamental.
Faço tudo pra não sair de casa antes do sarau:
Odeio poetas que se dizem pessoas,
Odeio pessoas que se dizem poetas
Recitando ao pé do megafone
Aquilo que ninguém quer ouvir,
Acompanhado de aplauso embutido de falácia.
O poeta é um bicho
Mestiço de sentir e pensar,
Solitário por ocupação
Mas reunido por recitação:
Solidões de mãos dadas
Querendo se compreender...
Antes do sarau reinvento a vida,
Reorganizo feridas e falsas preocupações,
Escrevo cartas para ser coeso,
Redijo manifestos pueris a esmo,
Não perco uma noite de luar
Para enfeitar o ego dos peitos...
Antes e depois, continuo eu mesmo...
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