DIÁRIO DA CORTEZÃ
Entre tantas mulheres sou aquela
Que chamaram rainha do palácio
Mas meu livro da vida no prefácio
Tem relatos dos males da seqüela
Nos bordéis onde fiz minha aquarela
Fui efêmeros sinônimos das paixões
De desejo, lascívia e perversões
Por luxúria e prazer exacerbado
Enterrei os meus sonhos do passado
No castelo das minhas ilusões.
Cicerone, odalisca e namorada
Do noturno rodízio sexual
Em leilões de prazer arrematada
Nas orgias o prato principal
Degustada entre fronhas e lençóis
Perfumada com vinho e girassóis
Sem as rédias das próprias decisões
E o meu corpo consórcio alienado
Enterrei os meus sonhos do passado
No castelo das minhas ilusões.
Por marcar um programa antecipado
Alterei muitos planos de viagem
Com excesso de enganos na bagagem
Enterrei os meus sonhos do passado
Tive o meu passa-porte confiscado
No check in das cruéis decepções
Vaidade, quimera e frustrações
Culminaram com minha derrocada
Meu destino é viver aprisionada
No castelo das minhas ilusões.