De Saudade em Saudade
De saudade em saudade vou mirando na paz,
Não encontro aconchego, a angustia reina,
De dores e perdas anda cheio a minh'alma,
De desgostos, de suspiros, de lágrimas e fel transbordam meu peito,
Nas trevas, não vejo a luz, nenhum horizonte, nenhum monte e nem saída,
Caminho, sangro e choro,
A dor lascinante corta meu peito e zomba de minhas lágrimas,
A lâmina do desgosto corta a minha carne já enfraquecida,
Tamanha dor, onde me levará?
O que esperar desse uivo de lamentos?
Do sorriso perdido, dos sonhos desmantelados?
Os anos se esvaem, levando o sopro de vida e de mocidade que me restam...
No peito oprimido, rangem os dissabores, os desencantos e toda sorte de lamuria,
Ah que dor mais doída, que queima, arde e domina,
Não tenho hematomas, nem marcas visíveis, mas basta mirar-me
Estou desnuda, transparente e desarmada.