Tédio
Eu escuto palavras, blá, blá, blá, ruídos e ideias sem parar
Correndo de sua boca coisas que eu não compreenderia mesmo por querer
Me finjo desentendido mesmo não tendo sentido, se eu volto a rolar os olhos
Porque já fazem duas vidas inteiras e alguns minutos e estou sem entender
O que exatamente você esperava de mim sabendo que eu nunca fui assim?
Eu me apago como um camaleão mas não acabo alcançando sua mão
Eu estou ainda espalhado por ideias e não grudado nesta teia
Você tem tanto de mim, mas na verdade não, pois espalhado sou peças pelo chão
Bem, não foi ideia sua seguir o ritmo da minha dança?
Então porque os paços tropeçam em compassos, entenda
Procurei seus lábios para completude e não terapia
Não ligue do meu estado, apenas junte-se a mim e aproveita
Eu não busco salvação, quero o pecado
Me dê em meus lábios o que eu venho buscado
Mas não pense que eu sou um cliché a ser concertado
Jogue as cartas certas e talvez tenha vencido
Até mesmo de pueril amor devoto que jogou com meu coração
Até mesmo da devoção cega em proteger o que me enobrecia
Até mesmo da completude que encontrou a finitude na ilusão
Se souber o seu lugar, eventualmente toda minha bagagem queimaria
Sentimentos são impermanentes mas o calor a carne sente
Coloque em chamas a instável melancolia pelo passado
Já que tem mais do que eu queria oferecer, aparentemente
Usufrua do que para você não lhe é escasso
Abraça-me quando estou escondendo as feridas
E cauterize em beijos ardentes o que ignoro
Que a fusão de nossos corpos seja radiante
Que sentimentos genuínos desde então aflorem