A barreira do Nada

Cresci contando os dias sem pressa,

sem abraço, sem riso, sem festa.

Agora me dizem que o mundo é meu,

mas como é ter algo que nunca me deu?

Ser adulto é correr sem ter pra onde,

é fingir que sabe, que aguenta, que esconde.

Mas quem me ensinou a ser forte assim,

se nunca houve um colo que coubesse em mim?

Os dias passam, eu fico no meio,

um corpo cansado, um peito sem jeito.

Sem mãos que me puxem, sem vozes que chamem,

sou só um nome que o vento apaga.

Se esta é a vida que dizem viver,

me pergunto se vale sequer pertencer.

Porque a verdade, que ninguém entende,

é que estou aqui… mas já sou ausente.