Desencadeio
Fui tragada por um desejo que não se sacia,
Te amei como quem se afasta de si mesma,
Como quem mergulha em um abismo
Que não conhece fim.
A paixão, a droga,
Teu nome, minha fuga.
Meu corpo se acostumou ao veneno
E o sofrimento se tornou rotina,
Um vício confortável
Que não queria deixar.
Agora, me vejo sem ti,
Mas a ausência ainda grita,
E a abstinência do que não era amor
Faz meu peito arder,
Faz o tempo se arrastar
Como se o silêncio fosse mais um remédio amargo.
Meu cérebro, em choque,
Procura o reflexo de teus olhos
No espelho da saudade.
Cada pensamento, uma recaída,
Cada sonho, uma recaída.
Mas eu tento me libertar,
Tento me curar de mim mesma,
De ti, de nós,
E do buraco que você deixou.
E, no fundo, sei que o pior não é o fim,
Mas a dependência de um amor que nunca foi meu,
Que eu criei com minhas próprias mãos
E agora, com as mesmas mãos, tento desfazer.