Não posso perdoar-te

Para uma filha que não deveria ser minha.

Não sou Jesús

Achava-se o Rabi ao pé do leito,

Onde o infeliz tetraplégico jazia,

Junto a fonte Siloé, e ali sofria

A espera que um milagre fosse feito.

Cercava-o a multidão, e a despeito,

De saber que farizeus o observavam,

Procurando evidências, pois achavam,

Que Ele era blasfemo e dissidente.

Disse Jesús ao pobre indigente,

Diante todos aqueles que o cercavam:

Em nome do Pai perdôo-te os pecados!

(E fez com a destra um gesto abrangente.)

Murmurou a multidão bem levemente,

E os frarizeus bradaram indignados:

(rasgando as vestes, braços levantados.)

...Blasfêmia! Blasfêmia, ele blasfema!

........... O que falou é puro anátema!

Segundo a lei o justicemos agora.

O Rabi contestou com voz amena:

Verás hoje o poder que em mim aflora.

Voltando-se ao paralítico disse-lhe: Agora

Para que saibam, O Filho do Homem pode,

Perdoar-te os pecados, e que acode,

Aquele que a sua ajuda implora,

Ordeno-te toma o leito e vai agora!

Sem hesitar o homem que jazia,

Ergueu-se, e em pé, fremente de alegria,

Tomou às mãos o leito e foi embora.

E a multidão clamou na mesma hora;

Milagre assim a muito não se via.

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não posso perdoar ofensas e pecados,

Não curo paralíticos ou simples membros tortos,

Não tenho o dom de levantar os mortos,

Estes poderes estão sempre atrelados.

Quero ter meus delitos castigados,

Boas ações se as fiz, foi prazeroso,

Mas com a pencha de vil e asqueroso;

Em mim puseste esta dor imensa

Jamais perdoaria a tua ofensa.

Mesmo que fosse grande e poderoso.

Mestre Egídio
Enviado por Mestre Egídio em 20/01/2008
Reeditado em 20/01/2008
Código do texto: T825441