Não posso perdoar-te
Para uma filha que não deveria ser minha.
Não sou Jesús
Achava-se o Rabi ao pé do leito,
Onde o infeliz tetraplégico jazia,
Junto a fonte Siloé, e ali sofria
A espera que um milagre fosse feito.
Cercava-o a multidão, e a despeito,
De saber que farizeus o observavam,
Procurando evidências, pois achavam,
Que Ele era blasfemo e dissidente.
Disse Jesús ao pobre indigente,
Diante todos aqueles que o cercavam:
Em nome do Pai perdôo-te os pecados!
(E fez com a destra um gesto abrangente.)
Murmurou a multidão bem levemente,
E os frarizeus bradaram indignados:
(rasgando as vestes, braços levantados.)
...Blasfêmia! Blasfêmia, ele blasfema!
........... O que falou é puro anátema!
Segundo a lei o justicemos agora.
O Rabi contestou com voz amena:
Verás hoje o poder que em mim aflora.
Voltando-se ao paralítico disse-lhe: Agora
Para que saibam, O Filho do Homem pode,
Perdoar-te os pecados, e que acode,
Aquele que a sua ajuda implora,
Ordeno-te toma o leito e vai agora!
Sem hesitar o homem que jazia,
Ergueu-se, e em pé, fremente de alegria,
Tomou às mãos o leito e foi embora.
E a multidão clamou na mesma hora;
Milagre assim a muito não se via.
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não posso perdoar ofensas e pecados,
Não curo paralíticos ou simples membros tortos,
Não tenho o dom de levantar os mortos,
Estes poderes estão sempre atrelados.
Quero ter meus delitos castigados,
Boas ações se as fiz, foi prazeroso,
Mas com a pencha de vil e asqueroso;
Em mim puseste esta dor imensa
Jamais perdoaria a tua ofensa.
Mesmo que fosse grande e poderoso.