Sem você!

Como dói fitar o fundo dos teus olhos,

E calar o que no peito insiste em gritar!

Que dor é essa que arde em silêncio,

Enquanto escuto menções de outrem,

Quando na verdade só queria sonhar contigo,

Traçar planos impossíveis.

À beira da piscina, teu olhar se perde,

Reflete outro rosto, que não é o meu.

E mesmo assim, fascina-me tua presença,

Desejo, em vão, que teus olhos, tão profundos,

Viram-se para mim com igual ardor.

Tua dor, quando aflora, toca minha alma.

Ah, se eu pudesse ser teu abrigo,

Oferecer o consolo que mereces,

Ser aquilo que teus silêncios pedem.

Mas eis o fado que nos cerca:

Nunca serei teu, nem serás meu

Do modo que o coração anseia.

Fica apenas o desejar que nunca toca,

O querer que jamais se consuma,

E essa sina, cruel e sublime, sem você.