INEXISTÊNCIA
O que minhas mãos tocam são névoa
O que eu amo não existe e é delírio
É a dança irreal da loucura que voa
Que procura uma fuga do martírio
Não há fuga nessa lira
O teu rosto é de mentira
E eu continuo só
Vendo glitter onde há pó
Na mais doce e amarga ilusão
O tempo não passa, é tudo vão
Mas meu tempo passa
E eu envelheço sem te conhecer
Porque essa pessoa que te caça
Sabe que você não vai nascer
Nunca, jamais te toquei, jamais te ouvi falar
Segurando teu rosto, ele começa a dissipar
Ele é neblina, falsa sina, hálito frio e banal
E eu sofro pelo que não é carnal - nem sequer real
Seus lábios não beijei nem de leve
E núpcias? Você jamais me teve
O que eu quero proteger não necessita proteção
Ninguém pode tocar, nem mesmo eu
Nua e crua verdade, de onde vem a punição?
Algum dia alguém estará a altura daquele que não nasceu??
Sem ter um escape, o tédio me abraça
Eu sei que ele precisa da minha carcaça
Expressar é inútil, eu quero carnificina
Mas não imaginei que seria eu - ingênua menina
A carne viva que as larvas roem noite e dia
Elas trazem as mais doces nostalgias!
Meus ódios reprimidos foram calados sem pudor
Algum dia será correspondido o meu segredo?
Tédio que me traz a minha solidão e desamor
Se una a mim, das larvas não terei medo