INEXISTÊNCIA

O que minhas mãos tocam são névoa

O que eu amo não existe e é delírio

É a dança irreal da loucura que voa

Que procura uma fuga do martírio

Não há fuga nessa lira

O teu rosto é de mentira

E eu continuo só

Vendo glitter onde há pó

Na mais doce e amarga ilusão

O tempo não passa, é tudo vão

Mas meu tempo passa

E eu envelheço sem te conhecer

Porque essa pessoa que te caça

Sabe que você não vai nascer

Nunca, jamais te toquei, jamais te ouvi falar

Segurando teu rosto, ele começa a dissipar

Ele é neblina, falsa sina, hálito frio e banal

E eu sofro pelo que não é carnal - nem sequer real

Seus lábios não beijei nem de leve

E núpcias? Você jamais me teve

O que eu quero proteger não necessita proteção

Ninguém pode tocar, nem mesmo eu

Nua e crua verdade, de onde vem a punição?

Algum dia alguém estará a altura daquele que não nasceu??

Sem ter um escape, o tédio me abraça

Eu sei que ele precisa da minha carcaça

Expressar é inútil, eu quero carnificina

Mas não imaginei que seria eu - ingênua menina

A carne viva que as larvas roem noite e dia

Elas trazem as mais doces nostalgias!

Meus ódios reprimidos foram calados sem pudor

Algum dia será correspondido o meu segredo?

Tédio que me traz a minha solidão e desamor

Se una a mim, das larvas não terei medo

Natalia L A
Enviado por Natalia L A em 15/12/2024
Código do texto: T8219433
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