Niilismo Noir
silêncio
como é
possível
nascer de
ponta-cabeça
um pé de
cabeças ocas?
risos
a galhofada
vem levantada
do abismo
que dizer
da coerência
deportada
inda agora
de si?
silêncio
um grito
no vazio
do cosmos
foi aborto
espontâneo
o da razão
um berro
no vácuo
no ventre
da ficção
silêncio
pulsa voraz
o urro, o caos
tumor audaz
que a tudo
devora
ouve o eco
das tuas
cavernas
das tuas
tragédias
bem ali
numa estrela
no âmago
do átomo
repousa
um niilismo
silêncio
explodiram
a bolsa
dos valores
forjados
e humanos
das almas
perturbadíssimas
das carnes
super maculadas
como é
possivel
o tempo
evoluir
em sentido
horário
se erra
miseravelmente
seu itinerário?
silêncio
o instante
rompido
doravante
hímem
premido
liberta
a criação
veja:
sangues
suores
secreções
não há barro
na feitura
mas a criatura
teima em
desdizer-se
em tomar
pela mão
a doença
inescapável
da confusão
silêncio
fim