LAÇOS INVISÍVEIS
No labirinto do ser, a vida é um fardo,
Cercado por sombras, o espírito aflito,
Esperneia, clama, num grito apagado,
Mas o destino é um cárcere escrito.
Sonhos de um futuro, em chamas se esvaem,
Enquanto os dias bailam, em valsa cruel,
A tristeza se alastra, e os anseios desmaiam,
No palco da vida, um eterno papel.
Os laços prendem, como correntes de ferro,
Filhos, sentimentos, obrigações sem fim,
A ética pesa, o dinheiro é um desterro,
E a moral se dissolve, como um sonho em marfim.
Vergonha e medo, como sombras, se aninham,
Na mente inquieta, a revolta persiste,
Os dias que passam, em lembranças se espinham,
E a esperança se esvai, como o sol que resiste.
Velhice que chega, um eco de lamento,
Um olhar para trás, a vida que não foi,
Os arrependimentos, um pesado tormento,
As escolhas perdidas, um peso que dói.
No ocaso da vida, os sonhos se escondem,
O que poderia ser, um sussurro distante,
As atitudes não tomadas, como vento se fundem,
E a alma se vê, num silêncio constante.
Cercado por laços, a liberdade é miragem,
No ciclo imutável, a vida se esgota,
E ao final da jornada, resta a passagem,
De um ser que esperneia, mas nunca se nota.
Assim, na penumbra, o ser se questiona,
Em busca de alívio, num mundo que fere,
E o reflexo da vida, como um canto que entona,
Reflete a essência do que nunca se vere.