Indiferente

Eu desci até onde deu,

vi o fundo, a queda, o fim,

e, mesmo te deixando ir,

carrego em mim a marca do que perdi.

Foi difícil aceitar,

tentando entender o porquê,

se algum dia fui o bastante pra você,

mas o que resta é só o vazio

e o som mudo do quase.

Mesmo sem olhar pra trás,

você segue, indiferente,

um retrato que virou história,

e eu finjo que a gente não dói,

mas a verdade é só memória.

E agora, nessa saudade cega,

eu me pergunto se, lá no fundo,

algum dia te fiz enxergar,

ou se, no fim, fui só um alguém

que te deu asas pra voar.

Paulo Ramiress
Enviado por Paulo Ramiress em 23/11/2024
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