Indiferente
Eu desci até onde deu,
vi o fundo, a queda, o fim,
e, mesmo te deixando ir,
carrego em mim a marca do que perdi.
Foi difícil aceitar,
tentando entender o porquê,
se algum dia fui o bastante pra você,
mas o que resta é só o vazio
e o som mudo do quase.
Mesmo sem olhar pra trás,
você segue, indiferente,
um retrato que virou história,
e eu finjo que a gente não dói,
mas a verdade é só memória.
E agora, nessa saudade cega,
eu me pergunto se, lá no fundo,
algum dia te fiz enxergar,
ou se, no fim, fui só um alguém
que te deu asas pra voar.