A Corda entrelaçada em meu pescoço: Facetas de um Suicida

Oh, sombra densa que em meu ser se aninha,

Teus sussurros frios, como brisa a vagar,

Na penumbra da mente, a dor se adivinha,

E a corda, cruel, veio a me enlaçar.

Em noites de angústia, o silêncio me abraça,

E a vida, outrora plena, se torna um pesar.

As risadas perdidas, a esperança que passa,

E o eco do amor que não soube guardar.

Ah, quão leve é a mão que se entrega ao destino,

Na busca de alívio, no abismo a flutuar,

Mas o peso da escolha, qual fardo divino,

Transforma o alívio em eterno penar.

Eis que a corda, em seu laço, se torna um lamento,

Um grito gemido que ecoa no ar,

O último ato, um gesto de tormento,

Que apaga a luz e me faz naufragar.

Oh, quão triste é a vida que se vai em desatino,

Um sopro de dor que não soube calar,

E agora, perdido, em meu próprio destino,

Arrependo-me, oh, quão tarde a pensar.

Se ao menos um olhar, uma mão estendida,

Pudesse romper este véu de solidão,

Talvez eu encontrasse, na dor da partida,

Um caminho de volta, um novo coração.

Mas a corda, infinda, me prendeu ao abismo,

E o eco do lamento se torna canção,

Um lamento profundo, um eterno heroísmo,

De quem, em sua angústia, perdeu a razão.

Renato Nascente
Enviado por Renato Nascente em 23/11/2024
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