Me leve até o Sol
Acordei um dia,
Com silêncio Teu,
Mas não era Deus,
Eram os seus.
Porventura me vi só,
Depois que desatei um nó,
Não um embaraço,
Mas da vida de um carrasco.
Fugi para onde não poderia me ver,
Onde poderia esquecer,
Crescer sem lhe ouvir,
Chorar e dormir.
Me afastei para não me machucar,
Para que não pudesse me alcançar,
Para não poder me ver sorrir,
Para não estragar o meu divertir.
Fui para um abraço quente,
De uma pessoa sorridente,
Alguém que me cuida e me faz curar,
Que não me faz querer recuar.
Desta vez não pedirei Moisés para subir,
Olharei diretamente ao Teu Ardor,
Mesmo que tenha que desatar outros nós,
Não haverá comunidade de nós.
Me vi sozinho, com Deus calado,
Talvez eu teria me afastado,
Mas não pensei que consequentemente,
Comprariam sua história sorridente.
Uma vez um amado me disse,
Que eu seria vilão em contos e histórias,
Me flagelariam pelas costas,
Pensei estar errado.
Mas, a serpente do paraíso foi ouvida,
Até disse que foi traída,
Nunca foi bom enquanto durou,
Essa relação realmente me quebrou.
Quebrou esperanças,
Quebrou calmas,
Quebrou balanças,
Quebrou almas.
E o mais machucado saiu perdedor,
Como um vilão de filme de terror,
Uma assombração que pode voltar,
E eles estão prontos para me expurgar.
Estou farto das ausências,
De palavras abertas e mananciais,
Acharam que estava em penitência,
Acabaram com minha paciência.
A partir de agora,
Precisará vir a ágora,
A mentira deve ter gosto de amora,
E palavras mentirosas compõem fábulas.
Deleitosos ao som de ministra,
Não conhecem alma tão sinistra,
Aquele coração guardado a sete chaves,
Não estava guardado, estava selado.
Selado por promulgar escuridão,
Mas o ex-satanista sempre será o vilão,
Um dia a verdade virá,
E eu não estarei lá.
Voltando ao passado,
Estou espiritualmente sozinho, abismado,
Como Deus fala tanto,
E seus servos tão calados.
Isso é um desabafo de um veneno antigo,
De quando me faziam ajoelhar no milho,
Que realmente Deus não está em construção,
Ele deveria estar em cada coração.
Hipocrisia da minha parte esse péssimo louvor,
Que carrega e me lembra de tanta dor,
Mas logo não mais doerá,
Novamente, eu não vou estar lá.
Nesse luto, com cheiro de formol,
Despeço de um passado cruel,
Eu quero alguém que me leve até o Sol,
Que se pareça com o Deus Manoel.
Exilado, eu vivo e permaneço,
Permanentemente eu agradeço,
Pela falta de apreço,
Pela sentença que eu não mereço.
Demorei entender que o silêncio não vinha Dele,
Mas era eu quem não queria escutar,
Novamente, eu e Ele,
Sem mais promessas.