No Escuro

Nas manhãs calmas, te esperei

com olhos de quem só sabe acreditar;

Sonhadora, teci véus de esperança,

me vesti deles até onde o olhar alcança.

Mas teu toque – frio, oco, vazio-

trouxe gelo de um mundo sem sol;

Cada promessa tua foi um grão de vidro,

que reluz, mas ao cair, corta sem dó.

Te esperei na beirada do nada,

de peito aberto e o coração despido;

Como um cervo tranquilo na floresta,

vislumbrei aquela vista e dali eu despenquei.

Estou nesse lugar sem luz,

onde parede úmidas abraçam meu pranto;

Nesse escuro sua face se apaga, desfazendo meu sonho,

quebrando o abrigo.

Agora resta o eco,

eu e um fraco reflexo em poças de dor;

Um eco cada vez mais distante do que

um dia já foi amor.

Coexistimos num quarto sem cor,

estranhos que um dia se chamaram de amor;

O toque sumiu, o desejo é poeira,

amigos talvez -não mais que isso.

O laço frágil se desfaz,

vi meu amor despencar;

e assim, caio num silêncio

que nunca cessa.

A mágoa envenena,

a repulsa emerge;

Me despedaço e me afundo,

ainda mais.

Ellissa
Enviado por Ellissa em 11/11/2024
Código do texto: T8194609
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