No Escuro
Nas manhãs calmas, te esperei
com olhos de quem só sabe acreditar;
Sonhadora, teci véus de esperança,
me vesti deles até onde o olhar alcança.
Mas teu toque – frio, oco, vazio-
trouxe gelo de um mundo sem sol;
Cada promessa tua foi um grão de vidro,
que reluz, mas ao cair, corta sem dó.
Te esperei na beirada do nada,
de peito aberto e o coração despido;
Como um cervo tranquilo na floresta,
vislumbrei aquela vista e dali eu despenquei.
Estou nesse lugar sem luz,
onde parede úmidas abraçam meu pranto;
Nesse escuro sua face se apaga, desfazendo meu sonho,
quebrando o abrigo.
Agora resta o eco,
eu e um fraco reflexo em poças de dor;
Um eco cada vez mais distante do que
um dia já foi amor.
Coexistimos num quarto sem cor,
estranhos que um dia se chamaram de amor;
O toque sumiu, o desejo é poeira,
amigos talvez -não mais que isso.
O laço frágil se desfaz,
vi meu amor despencar;
e assim, caio num silêncio
que nunca cessa.
A mágoa envenena,
a repulsa emerge;
Me despedaço e me afundo,
ainda mais.