Cicatrizes do G 20
Veio gente de fora para falar com o mundo
Trouxeram sapatos limpos, palavras lustrosas.
A cidade, em silêncio, fez que ouvia.
Mas no quintal das águas, as pedras riam.
As pedras, que sabem mais que máquinas
Gritavam coisas do existir sem grana.
Rio de Janeiro, palco de grandezas,
Onde mares e montanhas tecem suas belezas;
Mas hoje, o batuque silencia, pois o mundo
Ao Rio se volta. Chegam poderosos,
Com trajes e gravatas, discursos montados
Em espaçonaves e trens-bala.
Falam de futuro, de céu limpo e de FOME!
De salvar o planeta e de ESTENDER À MÃO.
Mas será que escutam o canto da brisa
Essa melodia sincera que o mar improvisa?
Ou apenas se perdem na dança do ego,
Num samba ilusório de passos INÚTEIS?
CHEGA!
O Rio observa, com olhos de formiga,
Cada promessa plantada nesta terra;
Espera que floresça, cresça e vire raiz.
Mas, já está enojado da promessa
Que vira cicatriz.