NUTRIÇÃO DE MIM

Sempre retalhei a minha carne em um matadouro de anseios reais:

- sentir o corte de lâminas em sua verdadeira posição

e sangrar a incompreensão hábil do homem que não sou!

- absorver o frio da pá estancando a cova para o meu pai

ou a angústia materializar a face do liberto encarando o meu reflexo no jazigo!

- entrincheirar-se nas vísceras solitárias do cotidiano

onde as minhas retinas explodem tripas de anseios e razões!

o filho e os quilômetros;

os abraços não dados;

as cognições da loucura;

e o apetite em uma luta predatória com a fome de minha carne

- serve-me um prato dela à minha própria nutrição!

(DGC)