Eu sei que
Eu sei que,
Se eu decidisse continuar a amar a Giulia,
Assim platonicamente, lógico,
Eu iria endoidecer;
Porque não me é possível ser seu namorado,
Isso nem em filme de Hollywood,
Ou de Lynch,
Porque nem Lynch imaginaria algo tão surreal,
Como eu e ela de mãos dadas.
E assim imaginando,
Nós dois juntos
Eu teria Giulia como ilusão,
E ela seria uma Giulia muito mais Giulia caso fosse a Giulia real comigo,
Porque como ilusão ela seria possível,
A andar pelas ruas da cidade comigo.
E assim iríamos até a caravela e voltaríamos,
De mãos dadas como dois namorados.
E iríamos depois até uma padaria que gosto muito perto da Osório,
E lá comeríamos o que quiséssemos,
Eu e a Giulia ilusão.
E ela sorriria quando eu pedisse mais um pastel
E diria: Sei sicuro? Che fame enorme
Mais um pastel para esse Eduardo comilão.
E ela pediria uma sobremesa, algo que ela gostasse,
Ou que a ilusão me faria pensar que ela gostasse.
E assim o povo da padaria e das ruas me julgariam louco,
Por andar e comer sozinho,
E pegar pratos e doces como se em frente tivesse alguém.
Mas depois eu sairia, todo faceiro,
Porque a Giulia ilusão é bem mais legal, assim, do que a Giulia real.
E iríamos até a casa do Ramires tomar cerveja e assistir futebol,
E seríamos todos amigos
E seríamos todos assim
Meio reais e meio ilusão.
Mas eu saberia que, no fundo, eu estive louco,
E que assusto as pessoas com a minha fantasia.
E por isso, por querer viver tranquilo,
E por não querer assustar ninguém,
Parei de amar Giulia real
E nem Giulia ilusão projeto,
Para o bem do meu coração...