Número 2

Hoje despertei com um chamado baixo e distante

Saturno me observava pela janela

E por vezes, quando o vento soprava,

Se escondia por trás das nuvens.

O que queres de mim?

Não sei dizer se é época de colheita

Ou de plantio

Talvez esteja só de passagem

Com seus olhos sem cintilância alguma

Me fitando ininterruptamente

Com seu imenso brilho.

Único no céu da minha noite

Quase um anunciador de presságios.

O que virá disso, não sei

Mas essa presença grandiosa

Me acolhe e me assusta na mesma intensidade.

O que temo eu? Tão pequena diante dos deuses antigos

Irrelevante aos olhares divinos

Mera mortal.

Que relevância existe em

Ter seu nome escrito por alguém

Guardado entre tantas outras palavras

Que não têm intenção de serem reveladas?

Entretanto, são palavras que foram sentidas, bem sentidas

E que serão lembradas

Não por muitos, mas por mim.

É pouco, mas para alguns basta

Pequena mortal, recém acordada de um sonho

Escrevendo sobre a visita do grande Saturno

Desafiador das luzes da cidade

Senhor do céu da noite

Falsa estrela passageira.

Joolies
Enviado por Joolies em 05/11/2024
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