Número 2
Hoje despertei com um chamado baixo e distante
Saturno me observava pela janela
E por vezes, quando o vento soprava,
Se escondia por trás das nuvens.
O que queres de mim?
Não sei dizer se é época de colheita
Ou de plantio
Talvez esteja só de passagem
Com seus olhos sem cintilância alguma
Me fitando ininterruptamente
Com seu imenso brilho.
Único no céu da minha noite
Quase um anunciador de presságios.
O que virá disso, não sei
Mas essa presença grandiosa
Me acolhe e me assusta na mesma intensidade.
O que temo eu? Tão pequena diante dos deuses antigos
Irrelevante aos olhares divinos
Mera mortal.
Que relevância existe em
Ter seu nome escrito por alguém
Guardado entre tantas outras palavras
Que não têm intenção de serem reveladas?
Entretanto, são palavras que foram sentidas, bem sentidas
E que serão lembradas
Não por muitos, mas por mim.
É pouco, mas para alguns basta
Pequena mortal, recém acordada de um sonho
Escrevendo sobre a visita do grande Saturno
Desafiador das luzes da cidade
Senhor do céu da noite
Falsa estrela passageira.