INTENSA


 

Sempre pequei por ser intensa;

Eu não sabia sentir pouco,

Ou simplesmente entregar

O suficiente.

 

Lembro de ter chorado anos

Por alguma coisa que perdi,

E ao receber golpes na alma,

Eu  reduzia  perdas totais

A meros danos, a fim de não ferir

 

Sempre pequei por ser intensa,

Por não saber amar mais ou menos,

Por não saber dizer talvez,

Por dramatizar demais as cenas

Sem saber se valia a pena

 

E eu entregava as minhas noites

À clareza das minhas fantasias,

Atravessava madrugadas frias

Sonhando acordada

Com quem nem sabia

Que eu existia

 

E no fim, só sobrava mesmo

Uma desilusão imensa,

Este é o prêmio de quem só sente

E muito pouco, ou quase nada

Pensa.

 

Ana Bailune
Enviado por Ana Bailune em 03/11/2024
Reeditado em 04/11/2024
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