MISSIL DO HORROR
No ventre de metal, o engenho aflora,
Onde ciência e arte, juntas, moram.
Engrenagens perfeitas, cálculo sagaz,
Tecendo a precisão que a morte faz.
Avança aos céus com glória e preceito,
Orgulho de nações, potência em conceito.
Carrega a sina do futuro avançado,
Promessa de paz... num peito rasgado.
Tecnologia, espetáculo do saber,
Comanda o alvo sem ele perceber.
Satélites vigiam, traçam o destino,
Enquanto a vida espreita o seu desatino.
Ironia cruel de tanto progresso:
Inteligência guiando o retrocesso.
Destrói com graça, desenha ruínas,
Assinatura da dor, de feias retinas.
Feito não para criar, mas para estourar,
Fazendo corações e lares calar.
Arte sinistra, de engenho afiado,
De sofrimento, seu toque é louvado.
Avança o míssil, vitória vazia,
Em nome da paz, traz a agonia.
E o gênio humano, tão astuto e frio,
Segue cantando... um hino sombrio.
Se a precisão mata, e a ciência destrói,
Que canto ao progresso, enfim, se constrói?
Metal que rasga com fervor de louvor,
Esmaga com honra, mas ceifa o amor.