Sob o Peso da Memória
Na sombra do tempo que passa,
Caminhos se cruzam e se vão,
Como folhas que no outono caem,
No vento, sussurros de saudade e dor.
Certa vez, rimos juntos à luz do dia,
Promessas de eternidade em cada olhar.
Mas a vida, com sua cruel ironia,
Desfez os laços que soubemos amar.
Um amigo, um sorriso que se esvai,
Uma sequência de risos agora em eco,
Os rostos se apagam, perdidos no ar,
Ficam apenas lembranças em um soberbo trecho.
Nos encontros fugazes, guardamos o que é,
Um olhar perdido, um toque na mão,
Mas o tempo não cede, não espera por ninguém,
E a solidão se instala em cada estação.
As fotos na prateleira, empoeiradas,
Contam histórias que o coração já esqueceu.
Como sombras que dançam numa sala escura,
Espelhando o que fomos, mas já não é nosso eu.
Por cada passo, um adeus que fica,
Por cada risada, um lamento a mais,
E na profundidade do peito, a marca,
De quem amamos e deixamos para trás.
E assim seguimos, um eterno vagar,
Na busca de rostos que não vão voltar,
Com as lágrimas dissolvendo os sonhos,
Os ecos de vidas que não vão se calar.
Ó vida cruel, que nos ensina a perder,
A valorizar o que já foi, e não há mais,
Mas na tristeza, uma beleza amarga,
Pois mesmo na ausência, o amor ainda se faz.