UMA LUTA INGLÓRIA

Em lamas densas, o tempo escorreu,

Trinta anos perdidos, sombra e temor,

Amigos, família, num eco que morreu,

Saúde desfeita, um triste clamor.

Como um farol, o álcool me chamava,

Prometia alegrias, um riso fugaz,

Mas em cada gole, a dor se agravava,

E a vida, em fragmentos, tornou-se um jaz.

Lembranças de infância, em risos e danças,

A paixão que me cativa, um amor fatal,

Nos braços da saudade, em tristes esperanças,

Um copo vazio, um eterno ritual.

Caminhos de trevas, a alma a vagar,

A paz se esvaiu, como bruma no ar,

Perdoar ao passado, um ato a se dar,

Mas o coração clama, difícil é amar.

Nos ecos do tempo, um desejo profundo,

O abraço do álcool, um sonho sedento,

E a vida, um vazio, um abismo fecundo,

Em cada decepção, um eco, um lamento.

Mas na luta constante, o ser se ergue,

Entre sombras e luz, a batalha é real,

E mesmo que a dor, como um peso, se vergue,

A esperança persiste, é um fio vital.

Oh, como é difícil viver sem essa chama,

O paladar salgado, a memória a queimar,

Mas na sombra da noite, uma voz que reclama:

"Encontre a coragem, a vida a amar!"

Assim sigo em frente, entre dor e encanto,

Na dança das lutas, um novo alvorecer,

E quem sabe um dia, em um brinde tão franco,

Encontrarei a paz que me deixa viver.