Finitude
A macabra dança do relógio afirma sua força
Massacrando-me por dentro ao me lembrar da finitude
Eu me perco na descrença, inúteis atitudes
Decisões estúpidas, meu legado é existir a toa?
Acordo com o peso dos sofrimentos e minha inconsequência
E determino que irei mudar para enfim acabar com esta trágica piada
Mas os ponteiros continuam se movendo, a dor existindo, incapaz de fazer nada
Eu sou vazio e sem sentido ansiando por tudo que eu não mereça
Amizades mal cultivadas se tornam miragens no deserto de sentido
Me sinto perdido e devorado por mil quimeras tentando matar um leão por dia
Mas eu ainda guardo ressentimento, mágoa, medo, traumática dor, todavia,
Sei que me isolar me fará apenas perder proporção do que tenho vivido
Queimado pela luz desperto tremendo com ela expondo minha impureza
Não sou digno de coexistir com semelhantes sendo vil e hipócrita criatura
Mas mais do que apenas ansiar por companhia, parceria e consolo nesta febril temperatura
Sinto-me fragilizado pelo peso do passado e a assustadora incerteza
Queria nuvens de tranquilidade que me trouxessem uma tempestade de redenção
Lavar meu nome e minha consciência da vergonhosa e humilhante solidão
Mas queimo até o sol se por e o paraíso de meus sonhos me cobram uma ação
Sem um perdão, não mereço misericórdia de mim mesmo se meu passado me é escárnio
Não sei se eu me sinto na posição de fazer exigências portanto me calo
Não sou um ser digno de oferecer a mim mesmo mera indulgência
Se não basta minha inteligência para rumar sentido contrário
Eu sinto abstinência de amores, sorrisos, parcerias
E me sinto tentado a me entregar ao vício e o ócio da minha alma
Afogando-me ao me oferecer de corpo e alma a ideia de autodestruição
Perco o ar afundando, talvez eu mereça ninguém me estender a mão
Apenas me faça aprender a aceitar que perecer é o meu destino