PERSONAGEM

Bate na porta da minha alma, o desespero.

Com esmero, invade todos os cômodos,

Atribula a minha já minúscula calma.

Já não cabe em mim tamanha agonia

Das intermináveis noites e o teatro do dia.

Sim! Eu me tornei personagem de mim.

Um sorriso mecânico para ser simpático

A voz medida me rasgando por dentro

E os fantasmas esperando o inevitável fim.

Quando, nessa vida miserável, é você

O seu mais terrível e cruel adversário

Não há mais derrotas para perder.

Escuta-se como ladainha enfadonha

Promessas de uma improvável eternidade

Que faz a razão corar de tanta vergonha.

Não há escuridão para se esconder

Quando o torpor, a dor e a solidão

Está dentro e você é o próprio inferno.

Poeta matemático
Enviado por Poeta matemático em 22/10/2024
Código do texto: T8179336
Classificação de conteúdo: seguro