LAGOA NEGRA
Foi-se a minha memória
Foi-se no vôo das gaivotas
Atrapada em seu bico como sardinha
A luz do sol perdeu a glória
Todos os humanos são idiotas
E suas vidas são como espuma marinha
Vazia, vagante e inútil
Sem forma, sem controle e sem escolha
Incapaz
Dissipada por onda sutil
Dançante, delirante, vive de bolhas
Mentais
Influenciável, manipulável, sonsa
Enquanto observa o céu escuro
Para onde será que foram os pássaros
Que ontem voaram sobre meu murmúrio?
Não há nada além da escuridão densa
Para onde foram engolidos e estraçalhados
A escuridão que atraiu os pássaros ao abismo
Fere-me a face com os seus ventos
Meus olhos se secam no meio da rajada
Há o completo silêncio violento e um sismo
Que fende o chão em quinze e me põe para dentro
Finalmente eu estou em paz, mais nada.