Perdão
Tua memória
Uma remissão poética
Engastando nos cantos,
Nas gavetas
Arquivadas na vida e em
seus pesares.
Tua memória onírica
Repleta de angústia
De lágrima desidratada
Da ansiedade correndo em veias hipertensas
Nada resta
Somos escravos
Com grilhões invisíveis
Fadados a seguir a sina
Cega e estúpida
E irremediável.
Nada resta
A não ser o que escrevemos,
Registramos a tinta,
A fonemas de
Bravata inflamadas.
Interpretamos o vapor de água ,
O orvalho de manhã
O silêncio dos olhos,
A fala das estrelas
O romance da lua
Enquanto o tempo
Apenas nos torna breves
E ao fim do longo suplício
Recebemos misericórdia e perdão.