Sede.
Eu lembro quando se condensava a expectativa
Que à conta-gotas tu me dispensavas
Do éter do próprio ar
Se materializava o desejo pouco a pouco
E desse hidromel eu bebia com fervor
Com ânsia, tremor e medo
Desespero de que se perdesse
Uma só gota dessa pulsão
E pode ser que eu estivesse certa
Pode ser que o desespero tenha tido seu lugar
E que não fossem mesmo tantas
As razões pra esperançar
Porque hoje já me traem as memórias
Em meio a tantos galhos secos
De quão verdes já foram essas folhas
É possível que essa sede
Tenha sido sempre o estado das coisas,
E as gotas só o contraponto da verdade.