OURO DE TOLO
Já batalhei pra eleger meu candidato.
Agora batalho para matar minha fome,
Para pagar minhas contas de luz e telefone.
A selfie com ele me garantirá um contrato?
Ou será que, novamente, cuspirá no prato?
Vou esperá-lo para o café; já esqueceu meu nome.
Mas ele não é dos que ganham e somem?
É coletivo ou pessoal o significado de mandato?
Lembrarei quatro anos do número no retrato,
Dos mil santinhos jogados no meio-fio, síndrome
Do esquecimento da ideologia que me consome.
O meu sentimento de vitória é abstrato.
Ou batalho ou morro na cidade ou no mato.
Acabou a campanha, a cachaça e o carnaval;
Meu prato vazio é o mundo voltando ao normal.
Já defendi, agora vou falar mal do ingrato.