O vulto à bruma
À noite, contemplando a relva em ondas,
Nas ameias que encimam o castelo,
Ana Luísa escorre sobre as pontas
De seus cabelos lágrimas ao velo.
E pensa, sob a bruma -- que desfronda
Dos bosques, pessegueiros c'o sincelo --,
'Vistar um cavaleiro que se esconda
'Quanto apeia o tordilho de seu celo.
Descrê, contudo dos próprios ardis
E orvalha à bruma sôfrega, infeliz,
Gélidas serenatas delirantes.
Plissando mais um pouco o cenho em pranto
Concebe, Ana Luísa que, no entanto,
O vulto não passara d'um cervante.
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Ameias: parapeitos separados por merlões
Sincelo: pedaços de gelo pensos sob as árvores
Cervante: o mesmo que cervo
Tordilho: refere-se ao cavalo negro