ASPIRAÇÕES
Quisera por um tempo ouvir seu coração:
em solilóquio vai ao fundo de si mesmo,
mas a voz imprecisa e atonal segue a esmo,
a reboque de algum silêncio em contenção.
Solitário se vê, e sua sombra, em vão,
evita-lhe sentir um ranço de ensimesmo
que reverbera a dor que soa em passo lesmo
e o transforma em refém da própria solidão.
Quantas vezes sonhou ser de Freud um aluno
de tal sorte que o gênio o seu ego sondasse
e lhe desse a firmeza de um sábio tribuno.
Mas quem sabe talvez a mágica, num passe,
transmude o seu silêncio em acorde oportuno
e a voz, dantes calada, enfim se libertasse...