ASPIRAÇÕES

Quisera por um tempo ouvir seu coração:

em solilóquio vai ao fundo de si mesmo,

mas a voz imprecisa e atonal segue a esmo,

a reboque de algum silêncio em contenção.

Solitário se vê, e sua sombra, em vão,

evita-lhe sentir um ranço de ensimesmo

que reverbera a dor que soa em passo lesmo

e o transforma em refém da própria solidão.

Quantas vezes sonhou ser de Freud um aluno

de tal sorte que o gênio o seu ego sondasse

e lhe desse a firmeza de um sábio tribuno.

Mas quem sabe talvez a mágica, num passe,

transmude o seu silêncio em acorde oportuno

e a voz, dantes calada, enfim se libertasse...

Carlos Alberto Cavalcanti
Enviado por Carlos Alberto Cavalcanti em 28/09/2024
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