Quantas Vezes
Quantas vezes morri,
para renascer em outra prisão?
Quantas vezes errei o caminho
para morrer, sozinho,
nas valas de algum coração...
Quantas vezes pensei em gritar...
em vão...
matando-me no meu silêncio
por um punhado de ilusão...
Quantas vezes cheguei ao meu fim
para não magoar quem ria de mim...
Quantas vezes sucumbi à razão
por não saber dizer não...?
Quantas vezes, desci ao meu inferno
rolando em dejetos que não eram meus
para não escutar um desesperado adeus...
Quantas vezes deixei a vida
escapar por um triz
saindo do meu chão
para fazer outrem feliz...
Quantas vezes, meu Deus...
abdiquei dos meus sonhos
num infeliz retrocesso e,
possesso, não vi retornos
só acusações...
Quantas vezes enterrei prazeres,
morrendo por insistência
ressuscitando por conveniência,
vivendo em abstinência
de tudo que podia e não sentia
que dentro de mim, todos os dias
morria...
Quantas vezes...